TRANSFORMAÇÃO ESPIRITUAL
Poucas pessoas são capazes de se comprometer de todo o coração. É por isso que tão poucas experimentam uma transformação real através de sua prática espiritual. É uma questão de largar nossos pontos de vista, de abandonar nossas opiniões e idéias preconcebidas; e, no lugar disso, seguir as instruções de Buda. Embora isso pareça simples, na prática a maioria das pessoas acha extremamente difícil. Seus pontos de vista impregnados, baseados em deduções derivadas de normas culturais e sociais, ficam no caminho.
Também devemos lembrar que coração e mente precisam trabalhar juntos. Se entendermos algo racionalmente, mas não amamos, não há nenhuma completude para nós, nenhuma realização. Se amamos algo, mas não compreendemos, o mesmo se aplica.
Se tivermos uma relação com outra pessoa, e a amarmos, mas não a entendermos, a relação é incompleta. Se entendermos a pessoa, mas não a amarmos, também é igualmente insatisfatório. No nosso caminho espiritual, mais ainda. Temos que entender o significado do ensinamento e também amá-lo. No começo nosso entendimento será apenas parcial, então nosso amor precisa ser ainda maior.
EXPECTATIVA DE TRANSFORMAÇÃO
O objetivo da prática é subjugar nossos próprios fluxos mentais. Geralmente, especialmente no Ocidente, é muito comum as pessoas pensarem que, assim que você vira budista, isso de algum modo trará uma mudança extraordinária, como se transformar em um bodisatva da noite para o dia.
Isso não é verdade para nada no mundo. Por exemplo, ao entrar na escola, você não se torna de repente um médico ou outra coisa. Isso só acontece gradualmente. Contudo, sem consciência disso, as pessoas às vezes apontam para alguém e dizem: “Ah, ele tem sido um budista por tantos anos, como pode ter feito isso?”.
Essa história toda de “tantos anos” não é nada demais. Nós temos reforçado nossas aflições mentais por muitas e muitas vidas. Estamos lidando de fato com um oceano de aflições mentais. Praticar o Dharma por muitos anos é bom, mas não espere transformações radicais extraordinárias mesmo se você tem praticado por bastante tempo.
Mudanças acontecem aos poucos. É um erro esperar que transformações fantásticas ocorram se você se tornar budista e praticar o Dharma por um tempinho.
ETAPAS DA TRANSFORMAÇÃO
Cada etapa da transformação corresponde a um passo que se dirige para fora e um que se dirige para dentro. Pois o Caminhante deve expressar sua transformação em atos exteriores e atitudes interiores.
A primeira etapa é o entendimento e a responsabilidade. Nesta etapa o caminhante recebe muitas informações sobre a Palavra de Deus e busca se impregnar com esta Palavra. Ele começa a entender as Leis de Deus e inicia sua caminhada para aplicá-las em seus atos internos e externos. É importante que ele tenha consciência de que cada ato de sua vida é uma oportunidade para realizar escolhas que promovam a verdade, a justiça, a compreensão, o equilíbrio e o belo. Através da disciplina e do esforço ele deve procurar guardar a vida das más ações. Nesta fase ele descobre a importância de assumir plenamente a responsabilidade por sua vida e a responsabilidade pela sua inserção na sociedade e na Comunidade.
Na segunda etapa surge um desejo profundo de entender e vivenciar de modo pleno as Leis de Deus e Sua Presença no Universo. Esta é a fase da Kenosis: esvaziamento dos condicionamentos mentais e emocionais e, também, a limpeza do coração de qualquer sentimento negativo que possa desvia-lo de seu caminho. Este esvaziamento é fundamental para que a Presença Divina possa se expressar mais livremente em nosso ser e a nossa volta. Internamente o caminhante ruma para a "descoberta" de seu Eu Essência. Esta descoberta é concomitante com a Aproximação e o expressar da Presença Divina.
A terceira etapa é a paz e a alegria. Nesta etapa o conhecimento do Caminho já está bastante forte e a Presença Divina é sentida em todos os momentos. A nova consciência se impõe e a vida torna-se mais simples. As atribulações típicas de uma consciência centrada num ego restrito e primitivo (status, orgulho, arrogância, etc.) tornam-se fenômenos poucos significativos. Cada vez mais o Caminhante busca purificar seu coração e cada vez mais busca estudar a Verdade de Deus e se sintonizar com a Presença Divina.
A quarta etapa é a etapa da santidade. Nesta etapa o coração já está bastante puro para que a Verdade de Deus flua por todo o seu corpo e em todo o ambiente a sua volta. Esta fase é como se Deus se apossasse do corpo do Caminhante e ele passasse a ver, falar e agir através do "espírito de Deus". Nesta etapa os chamados "milagres" acontecem com certa constância, pois se aprofunda uma nova consciência e uma nova realidade abre-se para que Outros aprendizados possam ocorrer.
Quinta etapa corresponde a uma União com Deus, através da vivência da Sua Vontade, da Sua Verdade e da Sua Essência. Nesta fase os laços terrenos não são cortados (o Sagrado Livro nos ensina que este não é o Caminho, pois a Presença de Deus se encontra também nestes laços terrenos), mas sim plenamente purificados, pois é a Presença Divina que age em nós e com nós. Esta é a unicidade verdadeira, a união entre o restrito e o irrestrito, entre o temporal e o atemporal, entre o limitado e o ilimitado. E tudo isto que conseguimos é para nosso próprio bem, pois atingimos níveis de sabedoria e satisfação elevados.
Neste último nível estamos prontos para o desencarne e para uma maior aproximação de Deus nas outras existências do espírito. Enquanto aguarda o seu desencarne, cabe ao sábio doar seu conhecimento, sua paz e sua orientação para que aqueles que ainda estão no Caminho possam ser beneficiados.
Obs.: a transformação se expressa como uma "espiral" onde idas e vindas acontecem e são comuns, pois os que vivem a Verdade sabem da necessidade de integrar as várias áreas da vida a fim de alcançarem a totalidade.
OBJETIVO DE TODOS OS ENSINAMENTOS
O propósito de todas as escrituras e tratados é levar à liberação, e para isso é necessário subjugar o auto-apego. Então todas as atividades de estudo, reflexão e meditação são para subjugar o auto-apego. Se até a liberação de um discípulo ou de um auto-realizado não pode ser conseguida sem a eliminação do auto-apego, o que dizer de alcançar onisciência?
Se seus esforços — como treinar a mente com habilidade, manter disciplina ética com esmero e tudo mais — se tornam aliados do ego, fazendo surgir pensamentos como “ninguém é mais experiente que eu”, você errou. Se eles se tornam remédios contra o auto-apego, então o objetivo do treinamento da mente foi alcançado.
O CORPO NA PRÁTICA ESPIRITUAL
O corpo se refere à nossa manifestação física, o aspecto visível, tangível de ser, correspondendo ao nirmanakaya. É a expressão exterior na forma material de nossa mente e energia. É o nível no qual as outras pessoas nos vêem e no qual as vemos.
O corpo contém todos os órgãos dos sentidos, através dos quais nos conectamos com o mundo externo. Interagimos com o ambiente através deles; a sensação se estende para fora em direção ao mundo, portanto de certa maneira o ambiente é também parte de nosso corpo. Não estamos fechados dentro de uma parede sólida, e não existe barreira real entre o lado de dentro e o de fora. O corpo é a experiência total de nós mesmos, como seres físicos em um universo material.
O corpo é a base do caminho espiritual. O cuidado e a atenção, que são o fundamento de toda a prática budista, começam com o corpo. Pelo fato de estarmos tão apegados ao corpo e tão identificados com ele, sofremos interminavelmente durante a vida e nos apegamos à existência mesmo após a morte.
Por meio da prática do cuidado, chegamos a perceber que ele é impermanente e não é o eu. Ainda assim, essa percepção não diminui o corpo de maneira alguma; ao contrário, ela nos fornece uma nova apreciação de sua verdadeira função. Com a consciência, as impressões dos sentidos se tornam mais intensas, os movimentos mais graciosos e dignificados, e as ações, mais habilidosas e eficazes.
Tornamo-nos naturalmente mais sensíveis e compreensivos em relação ao ambiente do nível físico, que faz a ligação com da fala e da mente, como nos comunicamos e como pensamos a respeito do mundo. Do ponto de vista egoísta, o corpo parece nos isolar e nos afastar dos outros; a parede da pele nos divide da atmosfera ao nosso redor e nos fecha em nossas conchas isoladas. Mas de um ponto de vista desperto o corpo é o meio de nos estendermos e tocarmos os outros; ele é o instrumento através do qual desempenhamos as atividades.
PRÁTICA ESPIRITUAL
Não seja muito receoso quanto ao caminho espiritual, temendo iniciar a jornada. No lugar disso, seja cuidadoso com a raiva, cobiça e ignorância. Nosso estado mental é como uma doença. Agora é a hora de nos medicarmos, não quando estivermos no leito de morte.
Ao decidir começar a prática espiritual, determine cuidadosamente qual caminho funciona melhor para você. Cada religião tem sua própria — e completa — tradição, com suas próprias qualidades. Tradições espirituais nascem em resposta ao sofrimento dos seres em um lugar e tempo particulares. Cada uma oferece um método que satisfaz as necessidades de tipos variados de pessoas. Assim como um remédio não vai curar cem pessoas diferentes, o mesmo caminho espiritual não será adequado para todo mundo. O Buda ensinou 84 mil métodos para treinar a mente porque ele viu que há 84 mil maneiras de nos confundirmos.
Você não pode analisar um caminho espiritual, adequadamente, de um ponto de vista externo. É difícil saber o que ele tem a oferecer a menos que você comece realmente a praticar, assim como você não vai saber se você gosta de algo no cardápio até que prove. Você pode dizer que um caminho está funcionando para você se os venenos de sua mente reduzirem e a bondade amorosa e a compaixão aumentarem.
Todas as tradições espirituais são veículos. Se você quer chegar a algum lugar, você pode pegar uma bicicleta, carro, trem ou avião. Mas se você combinar a asa de um avião, os pedais de uma bicicleta, a direção de um carro e as rodas de um trem, você até pode chegar a seu destino; ou pode não chegar. Mas, provavelmente, você não irá a lugar algum. Pior ainda, seu veículo pode causar um acidente, machucando você e outras pessoas.
Quando você encontrar uma tradição cuja eficácia tenha sido provada com o tempo e continua a funcionar para outras pessoas, experimente. Sua vida é muito curta para desperdiçá-la em um caminho da moda, não comprovado. Se uma tradição lhe serve bem, siga-a sem distração. Pode haver muitos caminhos seguros até o topo da montanha, mas se cultivarmos o hábito de abandonar um pelo outro assim que surjam as dificuldades, iremos apenas circundar a base da montanha, nunca chegando ao nosso destino.
Não critique ou julgue o caminho dos outros. É um erro achar que o seu é o melhor ou o único. Embora o propósito básico da religião seja ajudar as pessoas, apego ao seu caminho ou aversão pelo dos outros vai causar divisões e conflitos. A prática espiritual deve reduzir os venenos da mente, não potencializá-los. Não use a espiritualidade como uma desculpa para se permitir o orgulho, inveja, cobiça, animosidade ou pensamentos danosos. Estas são faltas sérias, tanto faz se cometidas em um contexto espiritual ou mundano. Se o remédio que tomamos produz doença, ele não é benéfico.
Temos que ter cuidado para não vestir a insígnia de nossa tradição espiritual através da pregação, julgamento ou imposição de nossas idéias. No final, cada uma e qualquer religião que ensine o valor de estender a bondade e reduzir os danos beneficia aquele que a segue sinceramente. O grande estudioso Nagarjuna disse que, independentemente da tradição, fé e disciplina moral produzirão benefícios infalíveis e aumentarão as qualidades positivas da mente. Podemos preferir comida americana, japonesa, indiana ou tibetana, mas o importante é que nos alimentemos para nos nutrirmos, não que todos comam a mesma comida.
Se você se sentir atraído pela tradição budista, meu conselho sincero é que você procure um professor. Um professor espiritual é importante porque ele nos apresenta as causas do sofrimento e os métodos para desenraizá-las. Mas é necessário examinar a estrutura, a linhagem e o treinamento de um professor para determinar se ele é qualificado e autorizado a ensinar ou se é auto-proclamado. Ele tem uma fundação firme em estudo e prática? Há alguma diferença entre suas palavras e ações? Um bom professor vai viver os ensinamentos, exemplificando o bom coração e consistentemente demonstrando compaixão, colocando as necessidades de seus alunos em primeiro plano.
Se escutar e aplicar os ensinamentos transforma a sua mente, pode ter certeza que a relação mestre-discípulo está te beneficiando. A confiança surge naturalmente. Na medida em que sua mente muda, sua confiança aumenta. Na medida em que sua confiança aumenta, você vai buscar por mais ensinamentos, aplicá-los, aprofundar sua confiança e por aí vai.
O objetivo de nossa prática não é ter experiências visionárias ou de clarividência, mas sim reduzir os venenos da mente e aperfeiçoar nossas qualidades positivas. Se isso está acontecendo, estamos reduzindo as causas do sofrimento. Assim que aplicamos os métodos que nosso professor nos dá, teoricamente, nós mudaremos a cada dia. Se não for assim, então a cada mês e, certamente, a cada ano. No final, mudança é a chave — mudar o coração, descobrir a verdadeira essência da mente.
Não desconheço a dificuldade, mas devido a meu treinamento e prática, nenhuma de minhas experiências é insuportável. Conheço pessoalmente o poder das bênçãos do lama e quão benéficas a contemplação e a meditação podem ser ao lidarmos com as circunstâncias da vida. Quando era mais novo, sempre que recebia um ensinamento, eu revisava o material 25 vezes por dia. Hoje, às vezes, esqueço o nome de alguns parentes, mas jamais esquecerei os ensinamentos, porque eles estão tão firmemente gravados em minha mente.
Independentemente de quantos anos me restam, estou em paz com o fato de que vou morrer. A morte não me assusta, porque tenho confiança em minha prática espiritual e tenho tentado ajudar os outros o tanto quanto é possível. Eu sei por experiência que esses ensinamentos vão beneficiar qualquer um que aplicá-los, não apenas nesta vida, mas no momento da morte e em vidas futuras.
Das profundezas de meu coração eu digo a vocês: um momento de bondade para com outro ser, um ato de intenção pura, vale mais do que toda a riqueza material do mundo quando você está morrendo. Então pratique agora, enquanto você pode, na maior medida possível, em qualquer situação. Isso vai preencher o propósito supremo de sua vida e, no momento da morte, você não vai ter arrependimentos.
ALVORECER DA PRÁTICA ESPIRITUAL
O grande mestre e erudito budista Shantideva disse que despertar o bom coração é como encontrar uma jóia preciosa em um monte de lixo. Uma vez que a encontrar entre as cinzas dos venenos mentais, você jamais deve negligenciar ou perder essa jóia.
O simples fato de ouvir a seu respeito ou de reconhecê-la por um único instante, traz as bênçãos dos seres iluminados.
Assim como o primeiro raio do sol nascente, esse é o alvorecer da prática espiritual.
GENEROSIDADE DA PRATICA ESPIRITUAL
Todos os seres vivos anseiam apenas por felicidade,
Mesmo assim, não há felicidade mundana sem o desfrutar de posses.
Elas, por sua vez, surgem da generosidade.
Isso o Buda sabia e, então, falou primeiro sobre doação.
Seres ordinários querem apenas ser felizes. Mas a felicidade, a cura para sofrimentos humanos como fome ou sede, não acontece sem uma causa — ela requer uma base material.
Sabendo que as posses são o fruto cármico de atos de generosidade executados no passado, o Buda louvou isso em seu primeiro ensinamento, mesmo antes da disciplina ética e o restante.
E ele fez isso, além do mais, porque a generosidade é fácil de praticar.
PRATICA DA DOAÇÃO ESPIRITUAL
Na verdadeira doação não há pensamento de doador ou daquele que recebe. Isto é chamado de “vazio da doação”, quando não há percepção de separação entre quem doa e quem recebe. Esta é a prática de Dana feita no espírito de Prajña, com a compreensão do interser. Você oferece ajuda tão naturalmente como respira. Você não se vê como doador e a outra pessoa como recipiente de sua generosidade, que agora é observada por você e lhe deve ser apropriadamente grata, atender aos seus pedidos etc. Você não doa para fazer da outra pessoa sua aliada. Quando você vê que alguém precisa de ajuda, você oferece e doa o que você tem, sem pensar em recompensa.
OBSERVAÇÕES: ESSES TEXTOS ACIMA SÃO BASEADOS EM TEORIAS BUDISTAS, JÁ QUE MIKAO USUI ERA BUDISTA, NÃO SÃO REGRAS NEM DEFINIÇÕES, MAS ORIENTAÇÕES PARA UMA BOA TRANSFORMAÇÃO ESPIRITUAL.
TRANSFORMAÇÃO ESPIRITUAL
Reviewed by Saber do Oriente
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8:29 PM
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